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Editorial - Programação de março

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Foyer do Multipalco
Foyer do Multipalco

No dia 27 de junho de 1858 foi inaugurado o Theatro São Pedro. De lá para cá, passaram-se 167 anos em que esta casa cultural se tornou um intermediário fundamental para o desenvolvimento da cultura no Rio Grande do Sul.

O prédio já sofreu muitas ameaças de destruição, já recebeu obras de reconstrução e, enfim, há 40 anos, sob o comando de Eva Sopher, foi literalmente reconstruído.

Agora, ele volta a necessitar de cuidados, principalmente após os incêndios da Boate Kiss, em Santa Maria, e do Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Uma nova legislação foi editada em nível federal, visando o controle e a prevenção de incêndios. Para isso, no dia 23 de março, depois de três espetáculos variados, com ingressos gratuitos, culminando num recital da pianista Simone Leitão, que comemorará os 75 anos de estreia da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, neste mesmo palco do Theatro São Pedro, a velha casa vai suspender suas atividades. Com um investimento de 20 milhões de reais dos cofres do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, será concretizado todo um projeto de prevenção de incêndio, com substituição dos atuais tecidos por tecidos ignifugantes, das poltronas à cortina da boca de cena, além de aplicação de tintas que também impedem a propagação do fogo, em todos os elementos de madeira, do piso ao teto.

Ao mesmo tempo, o teatro receberá uma reforma para facilitar a acessibilidade sobretudo de cadeirantes, como colocação de elevador, banheiros e locais especiais na plateia, que também terá poltronas designadas para pessoas obesas. 

Fechado o Theatro São Pedro, até junho de 2026, conforme se projeta neste momento, as atividades artísticas ocorrerão no Teatro Simões Lopes Neto, assim batizado em homenagem ao grande escritor pelotense que, igualmente, tem significativa obra dramática, a passagem do século XIX para o XX. 

Para marcar esta inauguração, que conclui as obras do Multipalco, iniciado em 2003, e que contou com pouco mais de 17 milhões dos cofres estaduais para as suas obras, foi organizada uma variada programação de espetáculos que se inicia com a ópera “Turandot”, de Puccini, seguindo-se espetáculos de dança, música e teatro até o mês de maio.

Toda a atividade normalmente desenvolvida nos espaços do Theatro São Pedro será transferida integralmente para o Teatro Simões Lopes Neto. Deste modo, Porto Alegre não deixará de ter suas atrações no campo das artes cênicas. O novo teatro tem um fosso de orquestra bem mais amplo que o prédio do século XIX, de maneira que espetáculos de ópera e de dança, bem como musicais terão maior facilidade de serem encenados na cidade.

Acompanhando esta nova proposta, o Multipalco terá um projeto especial de atendimento a portadores de autismo, inclusive sala de estar; bem como um café com cardápio cuidadosamente planejado e escolhido, a partir dos conhecidos “doces de Pelotas”, e uma máquina para a venda de souvenirs, não apenas dos teatros, quanto dos espetáculos a serem apresentados nos seus variados espaços, como o Teatro Oficina Olga Reverbel.

Na programação de estreia, e ao longo do mês de abril, a galeria de arte do foyer do Multipalco apresentará uma exposição denominada “O nome do livro”, que mostrará os estudos dos arquitetos Júlio  Collares e Dalton Bernardes, patrocinado pelo CAU – Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do Sul, antecipando o lançamento, no dia 13 de abril, do livro de mesmo título, verdadeiro documentário a respeito deste projeto que resultou de concurso público de que os arquitetos foram os vencedores.

Em síntese, março é um mês icônico para a Fundação Teatro São Pedro: seu histórico teatro fecha temporariamente suas portas para mais uma ação de adaptabilidade do prédio antigo para o tempo contemporâneo, ao mesmo tempo em que o Multipalco e seus variados espaços são definitivamente entregues ao público e aos artistas. Março de 2025 se torna, assim, um divisor de águas na história cultural do Rio Grande do Sul.  

Theatro São Pedro